Uma década após o Coringa esplêndido de Heath Ledger e três anos depois do fracasso de Jared Leto interpretando o personagem, Joaquin Phoenix dá vida ao vilão mais expressivo dos quadrinhos da DC Comics.
Dirigido por Todd Phillips, “Coringa”, que será lançado nesta semana, traz uma nova versão da história do vilão do Batman, explorando de forma intensa seu lado violento e imprudente. Com cenas chocantes, sensíveis e muito dolorosas, o filme conquista e entretém desde o primeiro momento.
Nesta versão, vemos Coringa, que na verdade se chama Arthur Fleck, mais velho, cansado e revoltado. Ele vive na conturbada cidade de Gotham, numa época que aparenta ser os anos 80. O emprego de Arthur é literalmente ser um palhaço, mas seu sonho é ser um comediante profissional. O problema é que ele não é, nem um pouco, engraçado.
Na verdade, são poucos os momentos cômicos do longa. O filme é tenso e intenso durante suas 2 horas de duração. O mérito vai todo para o ator Joaquin Phoenix, que incorpora o personagem de forma profunda e tem a câmera praticamente fixa em seu rosto por boa parte do tempo. A atuação de Phoenix como Coringa é tão marcante que a indicação para Melhor Ator no Oscar de 2020 já é quase certa. O filme está tão bem cotado que já levou o principal prêmio do Festival de Veneza deste ano.
Mesmo tendo problemas mentais, nada justifica o comportamento doentio e vingativo exibido por Arthur. Porém, isso não significa que ele não cative e que não é possível colocar-se no lugar dele para entender o que se passa dentro da mente.
Uma das coisas que acabam surpreendendo é um romance de Arthur com uma vizinha, que tem uma filha. A princípio, é difícil compreender como, apesar das críticas políticas, sociais e todo o movimento violento vivenciado pelo protagonista, ele ainda consegue viver um amor.
A escolha do recorte da história contada no filme é polêmica. Comentários sobre este assunto surgem a cada segundo nas redes sociais, seja positivo ou negativo. E, não se pode negar que toda essa discussão irá contribuir para o crescimento dos números na bilheteria.
É importante ressaltar que, mesmo sendo um filme que se trata da adaptação de quadrinhos, universo de super-heróis e vilões, não é um filme para crianças ou adolescentes. A classificação indicativa é de 16 anos. É um filme muito violento, bem sangrento, mas, principalmente, com um peso psicológico forte e exagerado até mesmo para adultos.
Isso não é algo que prejudique a qualidade do filme. No entanto, se a pessoa que for assistir sofre com algum tipo de distúrbio, a recomendação é que ela vá com acompanhante de confiança ou converse antes sobre isso com um profissional.
Violento, deprimente e pesado. É assim que podemos descrever, em poucas palavras, “Coringa”, que te deixa extasiado e incomodado ao mesmo tempo. Com certeza, um filme que precisa ser assistido com cautela, mas que já é uma grande obra do cinema.
Coringa de Todd Phillips estreia dia 03 de outubro nos cinemas de todo o país.